Educação Financeira para crianças e adolescentes minimizam os riscos de endividamento na vida adulta
A situação mundial e local, aliada às constantes evoluções tecnológicas e ao sistema de crédito, tem favorecido o aumento do consumo, que, aliado à ausência de uma educação financeira, tem favorecido o endividamento. Nesse contexto, o governo, juntamente com a iniciativa privada, lançou em 2010 o Programa ENEF – Estratégia Nacional de Educação Financeira. A ENEF é um programa de Estado que visa a educar financeiramente a população. A partir desse programa assume-se a posição de que a educação financeira deve ser inserida no âmbito do consumo responsável, o qual engloba as vertentes meio ambiente, saúde, publicidade, direito e ética.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) conceitua educação financeira como um processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, a ser desenvolvido por meio de três vertentes: informação, formação e orientação.
- Informação: entende-se o provimento de fatos, dados e conhecimentos específicos para permitir boas escolhas financeiras e para compreender as consequências de tais escolhas.
- Formação: refere-se ao desenvolvimento dos valores e das competências necessárias para entender termos e conceitos financeiros elementares por meio de ações educativas que preparem as crianças e adolescentes para empreender projetos individuais e sociais.
- Orientação: trata especificamente de produtos financeiros. Estes, são os instrumentos que movimentam o mercado. Desenvolvem-se nessa etapa os conhecimentos de como as coisas realmente funcionam na prática.
Consumo X Consumismo
Sabe-se que o consumo é tratado como um direito, e todos, indistintamente, são estimulados a consumir. No passado, o consumo voltava-se para bem sólidos e duráveis. Atualmente, verifica-se uma instabilidade dos desejos aliada a uma insaciabilidade das necessidades, pela consequente tendência ao consumo instantâneo, bem como a rápida obsolescência dos objetos consumidos.
O consumo em níveis adequados é imprescindível para o bom funcionamento da economia. A questão é torná-lo uma prática ética, consciente e responsável, equilibrada com a poupança. O consumismo vem a ser o consumo desnecessário e desenfreado, muitas vezes promovido por impulsos e/ou campanhas de marketing massivas. Essas diferenciações urge como algo essencial para ser mediado nas salas de aulas, tendo em vista que atualmente um percebemos um alto grau de consumismo entre os mais jovens.
Então, consumo e poupança configuram-se como “atitudes responsáveis” ao levar em conta os impactos sociais e ambientais. Essa atitude é algo que pode ser ensinado ao longo de toda escolaridade.
Pode-se desenvolver nas crianças e adolescentes as seguintes atitudes:
- Não transbordar problemas financeiros para o outro;
- Não comprar produtos advindos de relações de exploração ou de empresas sem comprometimento socioambiental;
- Reduzir o consumo desnecessário;
- Ampliar a longevidade dos produtos possuídos;
- Reduzir a produção de lixo; e
- Doar objetos úteis não desejados.
Consumir e poupar com consciência e responsabilidade, com uma clara preocupação com o outro e com as consequências das decisões tomadas, traduzem o compromisso ético da cidadania.