Estudo do PISA revela o baixo rendimentos dos estudantes brasileiros em pensamento crítico e criatividade

Possibilidades de trabalhar a criatividade dos adolescentes

O currículo escolar

A educação brasileira enfrenta um significativo descompasso em relação às demandas contemporâneas do mundo moderno. O currículo tradicional ainda está fortemente centrado em conteúdos teóricos e disciplinas que, embora importantes, muitas vezes não preparam os estudantes para os desafios e exigências do século XXI. O rápido avanço tecnológico e a transformação dos mercados de trabalho exigem habilidades que vão além do conhecimento acadêmico convencional. No entanto, as escolas brasileiras ainda não incorporaram de forma eficaz essas novas competências, criando uma lacuna preocupante entre a formação educacional e as necessidades reais da sociedade atual.

A criatividade dos adolescentes brasileiros em queda

Estudo recente do PISA (Programme for International Student Assessment) apresenta dados preocupantes com relação à criatividade dos estudantes brasileiros. 

O estudo examinou o que os estudantes de todo o mundo sabem e podem fazer. Esta pesquisa – Volume III, Mentes Criativas, Escolas Criativas – é uma dentre cinco volumes que apresentam os resultados da oitava rodada da avaliação PISA. Pela primeira vez, em 2022, o PISA avaliou a capacidade dos estudantes de se envolverem no pensamento criativo em 64 países e economias, definida como a capacidade dos estudantes de produzir ideias originais e diversas. Este volume descreve o desempenho dos alunos no pensamento criativo em diferentes contextos e como o desempenho e as atitudes do pensamento criativo variam entre e dentro dos países e economias. O estudo também oferece uma visão sobre as atitudes dos líderes escolares e dos professores em relação ao pensamento criativo, como as oportunidades para os alunos se envolverem no pensamento criativo variam entre as escolas e como esses fatores estão associados aos resultados dos alunos.

Um dado que preocupa é que o Brasil encontra-se dentre 20 países e economias onde mais de 50% dos estudantes não atingiu um nível básico de proficiência em pensamento criativo. Dentre a relação desses países onde o Brasil se encontra, cito como exemplo: Albânia, Uzbequistão, República Dominicana, Filipinas, Marrocos, Indonésia, Macedônia, Jordânia, Tailândia, Bulgária, Azerbaijão, El Salvador, Arábia Saudita, Peru, Panamá, Cazaquistão, Brunei e Moldávia.

Dentre vários gráficos e tabelas do estudo, compartilho abaixo um relacionado a desempenhos em pensamento criativo e matemática/leitura, onde é vísivel a pontuação do Brasil bem distante da média.

Estudo do PISA evidencia a baixa criatividde dos estudantes brasileiros
Como melhorar essa situação dos estudantes brasileiros?

Não há uma receita pronta para solucionar este problema que perdura há anos em nosso país. Entretanto, uma ação essencial é inserir no currículo básico da educação, pública e privada, temas relavantes para a vida dos jovens.

Um dos aspectos mais urgentes desse descompasso de falta de criatividade dos jovens, poderia ser minimizado com a inclusão de Educação Financeira e Empreendedorismo  no currículo escolar desde os primeiros anos de ensino. Em um mundo onde a gestão financeira pessoal é crucial para a estabilidade e o sucesso, muitos jovens brasileiros concluem o ensino médio sem sequer saber como funciona um orçamento doméstico, poupança ou investimento. Essa falta de preparo pode levar a uma série de problemas, como endividamento precoce e dificuldade em tomar decisões financeiras conscientes. Integrar a educação financeira e o empreendedorismo poderia proporcionar aos estudantes uma base sólida para administrar suas finanças de maneira inteligente e responsável.

Em um cenário econômico cada vez mais dinâmico e competitivo, fomentar o espírito empreendedor desde cedo é fundamental. O empreendedorismo não apenas ensina habilidades práticas, como planejamento de negócios e inovação, mas também desenvolve características pessoais importantes, como resiliência, liderança e capacidade de resolver problemas. Incorporar o empreendedorismo no currículo escolar pode incentivar os alunos a desenvolverem projetos próprios, criando oportunidades para futuras carreiras e contribuindo para o desenvolvimento econômico do país.

Portanto, a integração de conteúdos como educação financeira e empreendedorismo no currículo brasileiro é uma necessidade urgente. Ao promover essas competências desde os anos iniciais, o sistema educacional estaria alinhando-se melhor às exigências do mundo moderno, preparando os estudantes para serem cidadãos mais criativos, autônomos e preparados para enfrentar os desafios do futuro. Essa mudança curricular não apenas beneficiaria os indivíduos, mas também teria um impacto positivo em toda a sociedade, promovendo uma cultura de responsabilidade financeira e inovação empreendedora.

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