A realidade atual
Vivemos em uma era hiperconectada, onde telas fazem parte do nosso cotidiano. No entanto, estudos recentes têm demonstrado que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode ter impactos significativos no desenvolvimento cerebral, especialmente em crianças e adolescentes. Pesquisas de neuroimagem indicam que o abuso de telas pode reduzir o volume da massa cinzenta em áreas responsáveis pelo controle dos impulsos, tomada de decisões e processamento de recompensas. Em alguns casos, essas alterações se assemelham às observadas em dependentes químicos.
Esse fenômeno tem se tornado tão evidente que, recentemente, o termo “brainrot” (podridão cerebral) foi eleito a palavra do ano na língua inglesa. Ele descreve as mudanças cognitivas observadas em pessoas que passam horas rolando conteúdos curtos e aleatórios nas redes sociais, sendo bombardeadas por estímulos de baixa qualidade. O cérebro, que deveria ser treinado para sustentar atenção e desenvolver habilidades complexas, acaba condicionado à busca incessante por novidades rápidas e superficiais.
Cuidados essenciais para minimizar esses efeitos
Muitos pais relatam que não conseguem afastar os filhos das telas, e isso não é surpreendente. Os aplicativos são projetados para serem altamente envolventes e viciantes, utilizando mecanismos que estimulam a liberação de dopamina e mantêm o usuário preso ao fluxo infinito de conteúdos. Quando privados desses estímulos, muitas crianças demonstram sinais de abstinência, como irritabilidade, ansiedade e agressividade. E é aí que o limite e a presença dos pais mais se faz necessária.
Assim como nos preocupamos com a alimentação física das crianças – evitando ultraprocessados e garantindo uma dieta nutritiva –, devemos também atentar para a “alimentação” do cérebro. O consumo excessivo de conteúdos rápidos e fragmentados pode comprometer a atenção sustentada e a capacidade de aprendizado. Não adianta investir em uma boa escola se, fora dela, o jovem está exposto a estímulos que minam sua concentração e comprometem seu desenvolvimento cognitivo.
Pais e escola comprometidos com o uso controlado das tecnologias
A escola não se resume à aquisição de conhecimento, mas sim ao treino sistemático da mente para lidar com desafios cada vez mais complexos. No entanto, o uso desenfreado de redes sociais pode estar treinando o cérebro na direção oposta: a busca constante por distrações e recompensas instantâneas. O resultado é uma geração que enfrenta dificuldades para se concentrar, refletir criticamente e absorver conteúdos de maneira aprofundada.
Diante desse cenário, pais e educadores precisam agir. Algumas estratégias eficazes incluem estabelecer limites saudáveis para o uso de telas, incentivar atividades offline, como leitura e esportes, e promover momentos de interação familiar sem dispositivos eletrônicos. Criar um ambiente equilibrado, onde a tecnologia seja usada de forma consciente e controlada, pode fazer toda a diferença no desenvolvimento saudável das crianças e jovens.
O desafio é grande, mas o futuro das próximas gerações depende das escolhas que fazemos hoje.